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Suínos: Origem e Domesticação


A origem dos porcos na Europa está associada ao javali (porco-montês) e conta milhões de anos. As pinturas rupestres e as diversas referências nas mais diversas manifestações de arte são prova da sua existência e da sua relação próxima com o homem ao longo dos tempos.


Pintura Rupestre de um javali

Durante muitos anos, creditou-se aos chineses a domesticação do suíno por volta de 4900 a.C. Porém, pesquisas recentes efetuadas pelo arqueólogo americano M. Rosember, da Universidade de Delaware, mostraram que a domesticação do suíno ocorreu há 10.000 anos em aldeias do leste da Turquia.


Sus vittatus - Primeiro javali a ser domesticado

O primeiro javali a ser domesticado foi o Sus vittatus, no norte da Ásia pelos povos arianos (árias). Esta espécie ainda é encontrada na Índia, Paquistão, China, Vietnam, etc. É um animal de porte menor, tido como o ancestral das raças chamadas do tipo Asiático, caracterizadas pela face curta, de perfil ultra-côncavo, orelhas curtas e propensão à engorda, enquanto o Javali Europeu difundido pelo oeste Asiático e norte da África, deu origem a diversas raças primitivas europeias, chamadas do tipo Céltica, com face longa e estreita, de perfil côncavo e orelhas longas e caídas.


No Brasil os primeiros animais chegaram em 1534 em São Vicente com Martim Afonso de Souza (1500-1571). Os rebanhos por aqui evoluíram bastante e já em 1580, viajantes e cronistas descreviam a quantidade de porcos que viam nas diversas regiões.

No final do século XVII e durante o século XVIII, Minas Gerais se destacava como o maior produtor de suínos da colônia. A região de Formiga exportava bastante para o Rio de Janeiro, só um comerciante relatou a Saint-Hilaire (1779-1853) em 1818, que tinha exportado 20.000 cabeças. Também eram importantes as exportações de São João del Rey, Oliveira e Tamanduá (hoje Itapecerica). Saint-Hilaire informou que a raça de porco mais comum na região era a Canastra, ‘um animal preto, orelhas eretas que pesava quando cevado, mais de 8 arrobas (120 kg)’. Também acrescentou que os porcos eram levados a pé até a cidade do Rio de Janeiro, que dista 80 léguas de Formiga, recebendo o condutor 6.600 réis pela empreitada.[2]

A carne de porco era de consumo quotidiano na Bahia. A viajante e cronista inglesa Maria Graham (1785-1842), no seu diário de uma viagem que fez ao Brasil entre 1821 e 1822, conta que em Salvador um dos pratos mais populares era 'feijão com carne de porco'.

No Brasil, como em quase todo o mundo, até a década de 1950, o porco além da carne era o fornecedor da banha para a cozinha. Não era ainda suficientemente conhecido o uso dos óleos vegetais. Quando começou o uso de óleo vegetal, inicialmente a 'banha de coco' e logo depois o óleo de milho, muitas donas de casas não os recomendava pois segundo elas deixava as refeições 'fracas sem sustança'.

A banha é conhecida desde a Antiguidade como alimento e como medicamento. Sobre o seu preparo naqueles tempos, existe uma descrição pormenorizada feita por Dioscórides Anarzabeu, famoso médico que viveu no século XV.

Foi com a produção e a comercialização de banha suína que Francisco (Francesco) Matarazzo (1854-1937) começou a acumular a sua imensa fortuna. Os rivais da família Matarazzo, também italianos, contam que ele importava as barricas de madeira da Itália e elas vinham clandestinamente cheias de banha de porco. Parece mesmo uma intriga, pois para poupar espaço nos navios, as barricas vinham desmontadas.

Na década de 1950 também houve a introdução de raças europeias especializadas na produção de carne e começou a criação industrial sendo que os estados da região sul destacaram nesta atividade.

Antes o porco vivia solto nas fazendas fuçando os terrenos úmidos ou confinados num rústico chiqueiro. Comiam restos das refeições que ficassem nos pratos ou estragasse, a ‘lavagem’, alguns tubérculos e raízes e um pouco de milho em espiga. Levava-se até 9 meses para atingir o peso de abate de 100 kg, apresentando apenas 45% de carne na carcaça. Consumia cerca de 4 quilos de alimentos para produzir 1 quilo de carne. A espessura da camada de toucinho atingia de 5 a 6 centímetros. Atualmente, com a criação industrial, os animais crescem confinados em condições higiênicas, alimentam-se com rações balanceadas à base de milho, farelo de trigo e soja. Atingem em 150 dias o peso de 100 kg e a taxa de conversão é de 2 kg de ração para 1 kg de carne. Podendo ser obtido entre 58% a 62% de carne por carcaça, sendo a camada de toucinho entre 1,5 cm e 1 cm. A carne suína tornou-se mais saudável, baixando o seu nível de colesterol. Apresenta um nível de gordura intramuscular entre 1,1% e 2,4%, semelhante ao da carne de aves sem pele e bem abaixo da taxa média de 2,5% da carne bovina e da taxa de 6,5% da carne ovina.

Fontes:

http://www.porcoefumeiro.pt/porco/origens/

https://www.portaleducacao.com.br/

https://stravaganzastravaganza.blogspot.com/2011/03/os-suinos-origem-historia-e-mitologia.html

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